Mickey Hart, baterista da banda Grateful Dead, já falou que, em resumo, todos somos máquinas de ritmo, com coração batendo e nossas vibrações. Uma amostra de que esta relação vai além de frases espirituosas e analogias, foi a participação da Sumig na segunda edição do Simecs Transforma, realizado dia 14 de junho em Caxias do Sul (RS). Como uma surpresa na programação do evento, que reuniu empresários de vários segmentos do setor da indústria na Serra Gaúcha, foi realizada uma apresentação musical que se destacou pela criatividade e inovação.
Dois robôs programados pelo setor de Robótica da empresa tocaram bateria, acompanhados por músicos locais. As células robotizadas protagonizaram o show, unindo inteligência artificial e atividade humana, aproximando o público da inevitável interação entre seres humanos e máquinas.
De acordo com Fabio Tiburi, diretor de operações da Sumig Robótica, o ser humano já interage de forma direta com máquinas há algum tempo, como por exemplo no próprio meio musical, com edição e pós-produção utilizando as tecnologias disponíveis. “Mas o robô, uma figura mais estereotipada, traz uma reflexão importante que é tema da Indústria 5.0, ou seja, como a sociedade inteligente vai interagir com as máquinas no futuro”, explica. Ainda assim, presenciar a apresentação foi uma combinação de sentimentos. “É alegria misturada com questionamento, fazendo pensar sobre como é cada vez mais comum este tipo de intercâmbio na vida cotidiana. Isto já acontece atualmente de maneira que não percebemos, principalmente por meio dos algoritmos internos de redes sociais, softwares e uso de computador.”
Para uma aplicação como esta, onde não são utilizadas as funções normais industriais destes robôs, existem diversos desafios. Há de se levar em consideração que as máquinas são mais rápidas que o ser humano em determinadas situações, porém sua dinâmica não é tão hábil e ágil. “São funções de controle de movimentos que permitem um resultado mais harmônico. Há uma certa complexidade pra se conseguir traduzir o movimento mais próximo ao de um ser humano aplicado a este tipo de ação”, aponta Tiburi. Desta forma, é necessário que o profissional tenha, além de um conhecimento mais amplo das funções do robô, neste caso, também um entendimento de música. Segundo o diretor, esta é uma característica válida em sentido amplo, além desta utilização. “Se quer utilizar a tecnologia para um meio diferente do que foi criada é preciso ter conhecimento sobre onde será aplicado.”
Para dividir o palco com os parceiros mecânicos foram convidados os músicos Sasha Zavistanovicz, guitarrista, e Beto Viana, vocalista. Na ocasião, foram apresentadas três canções ao público, escolhidas por conta de sua popularidade e, principalmente, por possuírem características que se adequariam à capacidade dos robôs. “Sabendo das limitações de movimento e programação, escolhemos exemplares onde as qualidades dos robôs pudessem ser usadas da melhor forma. Pensamos em músicas com arranjos que funcionassem bem neste formato”, explica Zavistanovicz. Para eles, a escolha mais óbvia era “Iron Man”, da banda Black Sabbath. “Foi a primeira a ser escolhida, inclusive pelas referências ao robô representando o ‘homem de ferro’, seguida por “Seven Nation Army”, do White Stripes, e a clássica “We will rock you”, do Queen, sendo esta onde o robô usa muito do potencial dele, além de explorar bem a parte dos vocais.”
Segundo os músicos, o desafio foi a precisão essencial ao bom andamento do espetáculo. Foi preciso adaptar-se à máquina, com Zavistanovicz operando as trocas de ritmo necessárias por meio do seu pedal. “O preparo mais específico que tivemos que fazer foi entender os andamentos, as batidas que ele iria reproduzir, e como poderíamos sincronizar isto com a nossa música de uma maneira que ficasse natural.”
A sugestão é ir cada vez buscando horizontes maiores, com arranjos mais elaborados, incrementando o repertório e ampliando a colaboração homem-máquina. As vantagens desta parceria? “O bom é que ele não atrasa, não reclama e faz tudo que é requisitado. Perdemos coisas do lado humano de tocar, a troca de olhares e a comunicação única entre músicos no palco, é claro, mas ganhamos com a disciplina”, brinca Zavistanovicz.
Próximas apresentações estão nos planos da Sumig, como na Mercopar, a maior feira de inovação e negócios da América Latina, que será realizada em Caxias do Sul de 18 e 21 de outubro.
0 produto(s) para orçamento